Rita Yoshimine
Superlotado, o Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje) vai ter que ser desativado em três meses. A grande questão agora é para onde serão levados os jovens internados no Centro. Para o Ministério Público, o Centro de Atendimento Juvenil Especializado é uma bomba prestes a explodir. Os internos vivem em condições precárias e rebeliões ocorrem com regularidade. Em 12 anos, foram registradas 21 mortes. Para o MP, os problemas são causados principalmente pela falta de um plano político-pedagógico, por instalações inadequadas e superlotação. O juiz da vara da infância acatou o pedido de desativação do Centro e justificou dizendo que "o Caje apresenta um triste histórico marcado pela violência, opressão, mortes e omissão estatal." A namorada de um menos infrator confirma a denúncia: "Está horrível, ali dentro é terrível. Está lotado, não presta mesmo", relata. O governo vai ter que apresentar à Justiça um plano de desocupação gradual do Caje e decidir o que vai fazer com os jovens que estão internados lá. Um novo centro de recuperação vai ser construído? As outras unidades vão ficar lotadas? Para o sociólogo Antônio Testa, a política para tratamento dos jovens infratores precisa ser repensada. "É preciso que haja de fato uma articulação maior. E há uma necessidade premente de haver políticas sociais voltadas para juventude, políticas de família, políticas de infância, que não sejam pontuais, que não sejam políticas compensatórias, mas sim estratégicas", opina. A criminalidade entre adolescentes é preocupante. Só a Delegacia da Criança e do Adolescente, que fica em Ceilândia, atendeu - de janeiro a novembro - mais de duas mil ocorrências. Em 2005, eram 280 menores internados. Agora, são 684 nos quatro centros de recuperação - um aumento de 144% em cinco anos. Quase metade dos adolescentes internados está no Caje - 100 acima da capacidade. "Tinha que ser lugar melhor pra eles. Não só porque eles são infratores, mas que eles merecem ficar num lugar assim desse jeito", avalia a namorada de um infrator internado no Caje. A Secretaria de Justiça não se manifestou sobre a decisão judicial. (Fonte: Bom Dia DF/TV Globo)
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