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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Agentes de Sergipe temem rebelião no Centro de Atendimento ao Menor - Cenam

Agentes encontram armas, drogas e celulares durante revista e denunciam a falta de segurança. Fundação Renascer mostra que a categoria possui equipamentos

Por Kátia Susanna

Agentes temem rebelião no Cenam
(Foto: Arquivo Portal Infonet)
 “Não podemos esquecer que esses adolescentes cometeram crimes como estupro e homicídio, por isso, não podemos trabalhar expostos ao perigo porque a qualquer momento pode haver uma rebelião e um agente ser ferido gravemente”. Com este desabafo um agente de medidas socioeducativas do Centro de Atendimento ao Menor (Cenam) faz um apelo ao que ele chama de descaso da direção da unidade em relação aos profissionais.

O agente que pediu para não ser identificado, com medo de represarias, disse que a apesar da aparente tranquilidade a unidade esconde diversos problemas como falta de equipamentos de segurança para a categoria e a entrada de armas e drogas. De acordo com o agente uma revista realizada no início desse mês foram encontrados objetos cortantes, drogas e celulares. No vídeo feito pelo agente é possível perceber que o pedaço do piso foi cortado para servir de esconderijo do material apreendido.

“Durante a revista nada é encontrado, mas quando realizamos uma vistoria na área encontramos
armas, drogas e celulares. Acredito que todos que entram na unidade devam ser revistados porque empregados de empresas terceirizadas entram no Cenam livremente”, observa o agente que salienta que já foram abertos procedimentos administrativos contra terceirizados que entravam com cigarros e bebidas.
 
Rebelião
 
A possibilidade de uma grande rebelião tem preocupado os agentes. “Há rumores de que neste final de ano poderá haver uma rebelião e pela falta de estrutura fica difícil controlar. A prioridade da fundação são os internos, mas é preciso ter uma atenção maior com os agentes”, salienta Eziel Oliveira.

Sobre o efetivo, o diretor administrativo da Fundação Renascer, Wilson Souza, explica que com o final de ano, um planejamento estratégico está sendo feito e a segurança da unidade será reforçada com um efetivo maior de vigilantes que prestam serviço através de uma empresa contratada.

Fundação

O diretor administrativo ressaltou que o Cenam é apenas uma das unidades de medidas sócio educativas da Fundação Renascer que vem desenvolvendo a modernização da estrutura física, no atendimento aos adolescentes com a inclusão de cursos profissionalizantes e progressão das medidas.

Wilson Souza pontuou que a capacidade do Cenam foi ampliada com a construção de novas alas para atender a demanda de cerca de mais de 50 adolescentes.

Equipamentos

O agente afirma que em uma revista foram
encontrados estes objetos (Foto: Divulgação)
Segundo o agente, após revista realizada no início do mês foram encontrados armas, drogas e celulares. Nas imagens tiradas através do telefone celular de um agente, é possível verificar que um dos celulares encontrados estava escondido embaixo de uma pedra de mármore. A informação é que a pedra foi cortada com uma faca improvisada pelos internos.

Objetos cortantes também foram
apreendidos na revista
“Depois que entramos essas armas passei a ficar mais preocupado porque isso mostra que eles estão se preparando para uma rebelião. Na verdade os internos estão esperando o resultado do mutirão que foi realizado na unidade, existe uma expectativa de alguns deles serem soltos, caso contrário, eles vão fazer uma rebelião. Esse período de natal e pré-caju é 100% certeza que aconteça uma rebelião”, salienta.

A informação da Fundação Renascer é que desde maio desse ano, nenhum motim ou rebelião foram registrados e que não existe conhecimento de material apreendido.


Durante a entrevista o diretor da
fundação aprestou os equipamentos
 adquiridos (Foto: Portal Infonet)

Sobre os equipamentos, a versão da Fundação é contrária, durante a entrevista com o diretor administrativo, a equipe do Portal Infonet teve acesso a um kit de equipamento de segurança. O diretor deixou claro que a fundação fez a licitação dos equipamentos de proteção individual dos agentes, um investimento de R$66 mil. Wilson Souza também salientou que os agentes já têm acesso aos equipamentos.

Desvinculação

O agente também se diz abandonado pela Fundação Renascer que na opinião do profissional age apenas com medidas para proteger os adolescentes, mas não oferece melhorias para a categoria. “O bastão só temos porque compramos do nosso bolso, no plantão de 13 agentes, só tem colete que mesmo assim foi adquirido através de um processo que um colega entrou na Justiça. Estamos desamparados porque ninguém pensa em uma política de segurança para nós. Constantemente um agente é ferido e ninguém faz nada. Até quando vamos ficar esperando que a fundação faça alguma coisa pela gente”, lamenta o agente que diz que o efetivo de vigilantes que era de 20 passou a ser de três.

“Uma solução seria os agentes passarem a ser vinculados a Secretaria de Estado da Justiça que daria o apoio no sentido de cursos na área de segurança. Somos agentes de segurança, então é importante que a gente receba um treinamento e apoio adequado”, afirma.

Sobre as melhorias para a categoria Wilson Souza pontuou que os agentes foram incluídos no plano de saúde do Ipês e que foram investidos R$ 63 mil no curso de defesa pessoal para os agentes de segurança em medidas socioeducativas, e no curso de controle e procedimentos em unidades de internação, destinado a agentes e funcionários da fundação.

Sindicato

O presidente do sindicato dos agentes de medidas socioeducativas, Eziel Oliveira, disse que os equipamentos de segurança individual ainda não estão disponíveis para todos os agentes. “Por meio de uma ação civil pública, a fundação se comprometeu em providenciar equipamentos de segurança individual para todos os agentes. Fomos informados que a licitação já foi feita, existe um prazo para este cumprimento e o prazo ainda não excedeu, mas caso vença o prazo será cobrada uma multa pelo descumprimento”, conta.

Em virtude dos problemas enfrentados pelos agentes, muitos já apresentam problemas psicológicos. “São vários agentes que enfrentam problemas psicológicos. Tem um agente que abandonou o serviço por 29 dias porque não podia sair de casa”, relata.

Salários

O presidente do sindicato dos agentes
afirmam que querem retomar a negociação
salarial (Foto: Arquivo Portal Infonet)
O sindicalista ressalta ainda que em virtude dos profissionais receberem somente um salário mínimo, muitos agentes têm deixado o cargo. “Nós sentamos com a categoria para definir a melhor forma de negociar com o governo a aumento escalonado da categoria que até agora não tivemos uma posição. Estamos cobrando que o governo volte a sentar, para que não seja necessário fazer uma greve, coisa que não é interessante para ninguém”, observa.
(Fonte: Infonet)




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